A questão social não abrange
somente as relações das classes entre si, abrange também a mulher [...] à qual seria eqüitativo restituir-se os direitos naturais, uma situação
digna, para que a família se torne mais forte, mais moralizada e mais unida.12
Com efeito, o homem e a mulher
são iguais perante Deus, tendo, pois os mesmos direitos, uma vez que a ambos
Deus outorgou a inteligência do bem e do mal, assim como a faculdade de
progredir.4 A inferioridade da mulher em alguns países é devido ao
[...] predomínio injusto e cruel que
sobre ela assumiu o homem. É resultado das instituições sociais e do abuso da
força sobre a fraqueza. Entre homens moralmente pouco adiantados, a força faz o
direito.5 Note-se, entretanto, que a constituição física
mais fraca da mulher, em relação ao homem, tem a finalidade de [...] lhe determinar funções especiais. Ao homem, por ser
mais forte, os trabalhos rudes; à mulher, os trabalhos leves; a ambos, o dever
de se ajudarem mutuamente a suportar as provas de uma vida cheia de amargor.6 Assim, Deus apropriou a organização de
cada ser às funções que lhe cumpre desempenhar. Tendo dado à mulher menor força
física, deu-lhe ao mesmo tempo maior sensibilidade, em relação com a delicadeza
das funções maternais e com a fraqueza dos seres confiados aos seus cuidados.7
Em decorrência desses
ensinamentos, Kardec pergunta aos Espíritos Superiores se uma legislação, para
ser justa, deve prever a igualdade dos direitos do homem e da mulher. Respondem
eles: Dos direitos, sim; das funções,
não. Preciso é que cada um esteja no lugar que lhe compete. Ocupe-se do
exterior o homem e do interior a mulher, cada um de acordo com a sua aptidão. A
lei humana, para ser eqüitativa, deve consagrar a igualdade dos direitos do
homem e da mulher. Todo privilégio a um ou a outro concedido é contrário à
justiça. A emancipação da mulher acompanha o progresso da civilização. Sua
escravização marcha de par com a barbaria. [...]Visto que os Espíritos podem
encarnar num e noutro, sob esse aspecto nenhuma diferença há entre eles. Devem,
por conseguinte, gozar dos mesmos direitos.8
De fato, a [...] mulher é um espírito reencarnado, com uma
considerável soma de experiências em seu arquivo perispiritual. Quantas dessas
experiências já vividas terão sido em corpos masculinos? Impossível precisar,
mas, seguramente, muitas, se levarmos em conta os milênios que a Humanidade já
conta de experiência na Terra. Para definir a mulher moderna, precisamos
acrescentar às considerações anteriores o difícil caminho da emancipação
feminina. A mulher de hoje não vive um contexto cultural em que os papéis de
ambos os sexos estejam definidos por contornos precisos. A sociedade atual não
espera da mulher que ela apenas abrigue e alimente os novos indivíduos, exige
que ela seja também capaz de dar sua quota de produção à coletividade.13
Em síntese, pode-se dizer que
o [...] homem e a mulher, no instituto
conjugal, são como o cérebro e o coração do organismo doméstico. Ambos são
portadores de uma responsabilidade igual no sagrado colégio da família [...].16 Uma e outro [a mulher
e o homem] são iguais perante Deus [...] e as tarefas de ambos se equilibram no caminho da vida,
completando-se perfeitamente, para que haja, em todas as ocasiões, o mais santo
respeito mútuo. 14
ESTUDO SISTEMATIZADO DA DOUTRINA ESPÍRITA
TOMO II - MÓDULO XIV - ROTEIRO 2.
4. KARDEC, Allan.
O livro dos espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 89. ed. Rio
de Janeiro: FEB, 2007, Questão 817, p.
427.
5. ______.
Questão 818, p. 427.
6. ______.
Questão 819, p. 427.
7. ______.
Questão 820, p. 427.
8.
______. Questão 822-a, p. 428.
12. DENIS, Léon. Depois
da Morte. Tradução de João Lourenço de Souza. 21.
ed. Rio de Janeiro: FEB, 2000. Cap. 55 (Questões sociais), p. 316.
13. SOUZA, Dalva
Silva. Os caminhos do amor. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1997. Item:
Quem é a mulher? p. 25.
14. XAVIER,
Francisco Cândido. Boa nova. Pelo
Espírito Humberto de Campos. 32. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. 22, p.
148-149.