sábado, 27 de dezembro de 2014

O Homem de Bem - Richard Simonetti

Definindo o homem de bem, em O Evangelho segundo o Espiritismo (cap. XVII, item 3), diz Allan Kardec:

O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga a consciência sobre seus próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei [...] se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem.



Não sei se acontece diferente com você, amigo leitor (em caso afirmativo, parabéns!), mas, lendo essa introdução, chego à lamentável conclusão de que não sou um homem de bem.

Constato que estou longe de exercitar plenamente a lei de justiça, amor e caridade, e de sempre
fazer aos outros o que desejaria que me fizessem.

Um único dia, ontem, em que me dei ao trabalho de uma análise, foi suficiente para evidenciar quão longe estou do ideal apresentado por Kardec:

Lei de Justiça.
Cedi à tentação e comprei cópia genérica de um filme, desrespeitando os direitos autorais.

Lei de Amor.
Irritei-me com um filho, admoestando- o acremente em face de um destempero próprio de adolescente imaturo.

Lei de Caridade.
Dei uns trocados a uma mulher que me procurou com um filho doente nos braços, exercitando a mera esmola que despacha logo o pedinte.

Não obstante, se algo pode ser invocado em minha defesa, digo-lhe, caro leitor, que venho tentando anular o homem velho, de arraigadas fraquezas, que há em mim, favorecendo o nascimento do homem novo, o homem de bem.

Admito que não é um exercício de virtude; não as possuo. Apenas atendo a imperiosa necessidade. Estou perfeitamente consciente, graças à Doutrina Espírita, de que esse empenho se relaciona com algo que interessa muito tanto a mim quanto a você, que cultiva a paciência de acompanhar meus raciocínios.

Está na questão 921, de O Livro dos Espíritos. Interroga Kardec:

Concebe-se que o homem será feliz na Terra, quando a Humanidade estiver transformada. Mas, enquanto isso não se verifica, poderá conseguir uma felicidade relativa?

Responde o Mentor Espiritual:
“O homem é quase sempre o obreiro da sua própria infelicidade. Praticando a lei de Deus, a muitos males se forrará e proporcionará a si mesmo felicidade tão grande quanto o comporte a sua existência grosseira”.

A mensagem é clara.
Nossas dores e males, atribulações e tristezas estão diretamente relacionados com o fato de não cumprirmos as leis divinas, sintetizadas nas lições transmitidas e exemplificadas por Jesus.

Então, batalhar com todas as forças de nossa alma por ser um homem de bem não é simples concessão que fazemos à vivência religiosa.

Muito mais que isso, é a base de nosso bem-estar, de toda a felicidade que possamos almejar.
Por isso estou tentando, sem muito sucesso em princípio, mas com perseverança. Tento evitar o perigoso amornamento, a convivência pacifica do certo e do errado, do vício e da virtude, do bem e do mal.

Aí reside o perigo.
Jesus é taxativo a esse respeito (Mateus, 7:21-23): Nem todo aquele que diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.

Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitos milagres?

Então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade!

Lembrando velha expressão popular, seria conveniente, amigo leitor, pôr as barbas de molho, prestando atenção ao que pensamos e fazemos.

Cultivar aquele vigiai e orai recomendado por Jesus, a fim de que no último dia, o derradeiro da presente existência, não colhamos desagradáveis surpresas ao embarcar para o Além.


Seria oportuno, também, não esquecer que o verdadeiro homem de bem é aquele que trabalha pelo bem dos homens.

O Reformador - Junho de 2008

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