sábado, 30 de agosto de 2014

O ESDE na visão do Plano Espiritual

1. Podemos dizer que o trabalho que vem sendo desenvolvido na área do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita está de acordo com a programação do Plano Espiritual?

Consideremos o Espiritismo na sua condição de doutrina educativa, conforme o pensamento do preclaro Codificador, na questão 685-a de O Livro dos Espíritos, quando esclarece:

[...] Esse elemento é a educação, não a educação intelectual, mas a educação moral. Não nos referimos, porém, à educação moral pelos livros e sim à que consiste na arte de formar os caracteres, à que incute hábitos, porquanto a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos.

A desordem e a imprevidência são duas chagas que só uma educação bem entendida pode curar. Esse o ponto de partida, o elemento real do bem-estar, o penhor da segurança de todos.*

Logo concluímos que o Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita constitui o mais eficiente método pedagógico para a educação de todos aqueles que se candidatam à auto-iluminação. Isto porque, através da instrução e do esclarecimento dos aprendizes, favorece a educação moral em toda a sua profundidade, especialmente pelos exemplos oferecidos pelos seus divulgadores.

Elaborado no Plano Espiritual por nobres educadores desencarnados, responsáveis pelo progresso moral das criaturas humanas e transferido para a Terra mediante inspiração aos lidadores da divulgação do Espiritismo nos seus três aspectos, constatamos que a aplicação dos valores doutrinários vem obedecendo à planificação inicial, sem qualquer retoque.

Os obstáculos enfrentados fazem parte do processo de identificação que deve viger entre os educandos e os métodos educativos, que o tempo superará em face da inteireza dos postulados espíritas propostos, contribuindo para a cura da desordem e da imprevidência, as duas chagas da sociedade.

2. A Campanha do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita foi lançada no Conselho Federativo Nacional, em 1983. Sabemos que alguns Estados abraçaram-na e a desenvolveram com empenho e outros ainda não tiveram essa determinação. O que podemos fazer para auxiliá-los na implantação dessa Campanha?

Toda idéia nova experimenta reações naturais daqueles que se encontram ancilosados na rotina. Sentindo-se incomodados ante os desafios que os novos empreendimentos propõem, preferem ignorá-los, a fim de impedir-lhes o avanço ou recusam-se a aceitá-los, considerando desnecessários ou sem os fundamentos de segurança para aplicação imediata. Outrossim, no caso, em tela, Forças espirituais negativas, que conspiram contra o progresso da Humanidade em geral e do Espiritismo em particular, trabalham com afinco, torpedeando tudo quanto pode promover e dignificar o ser humano.

Jesus enfrentou-as, assim como todos aqueles que trabalharam pelo desenvolvimento ético-moral, científico, filosófico e tecnológico do ser humano.

Nada obstante, o tempo implacável sempre termina por vencer a obstinação dos cômodos, porque a lei do progresso é inexorável, e os avanços fazem-se com os homens, sem os homens ou apesar dos homens.

Perseverar, portanto, insistindo na implantação e no desenvolvimento de aplicação do ESDE em toda parte, é o dever que nos cabe manter, impertérritos, seguindo os passos do Mestre por excelência, que nunca desanimou, bem como do mestre de Lyon que implantou intimorato os alicerces da Nova Era, confiando no futuro.

3. Como pode ser avaliada a dificuldade dos Estados em formar e manter equipes de trabalho que realmente abracem o ideal da Campanha do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita?

Quando se instalam nas mentes e nos corações daqueles que abraçam a Doutrina Espírita a consciência e o sentimento do dever de divulgá-la por todos os meios possíveis, qual fizeram os apóstolos de Jesus, desprovidos aparentemente dos recursos exigíveis para o ministério, logo surgem os trabalhadores de boa vontade e portadores de conhecimentos para o ministério que lhes diz respeito.

Ocorre que, em muitos bolsões da cultura terrestre, no que diz respeito ao Espiritismo, ainda permanece o interesse imediatista, egoico, buscando-se no fenômeno mediúnico orientação e respostas para os problemas que cada qual deve resolver, mediante a aplicação do discernimento e da razão defluentes do estudo sério da Doutrina. Esse comportamento, no entanto, é transitório, e momento chegará em que novos servidores tomarão o rumo correto da conduta espírita, servindo com afã e divulgando-a com sabedoria. Vale, portanto, insistir, no compromisso, estimulando e esclarecendo os Espíritos que se estão reencarnando para auxiliar a grande transição...

4. Por que uma Campanha de tal envergadura, com tantas possibilidades no campo da transformação moral dos homens, encontra tamanhas dificuldades para ser realizada?

A Terra é um planeta de provas e expiações, onde predominam, por enquanto, as paixões primárias, dificultando a libertação do ser humano dos seus instintos agressivos
em face da razão em desenvolvimento. É um planeta inferior, porque aqueles que a habitam, ainda são Espíritos imperfeitos, conforme acentuou o Codificador.

É compreensível que as valiosas contribuições em favor da transformação moral das criaturas enfrente as dificuldades decorrentes do estágio em que se encontram. Não foi diferente o que aconteceu com Jesus e vem ocorrendo nos quase dois mil anos desde quando Ele desejou instalar nos corações o Reino de Deus.

A Parábola do semeador é um exemplo digno para reflexões em torno dos impedimentos encontrados para a aplicação do ESDE na Terra.

Tenha-se em mente, porém, que os avanços são muito mais expressivos do que os recuos e os enfrentamentos perturbadores. O número daqueles que abraçam o excelente método educativo é representativo, significando valiosas conquistas que se multiplicarão no futuro.

5. A constante mudança de pessoas responsáveis pelo trabalho tem influído negativamente na expansão da tarefa?

Sem qualquer dúvida, quando alguém abandona a enxada valiosa no campo de trabalho, vêm as intempéries que se encarregam de danificar o instrumento e de permitir o surgimento das ervas más no terreno... No entanto, em face das necessidades a que muitos trabalhadores frágeis se referem, motivando-os às mudanças de atitude em relação aos compromissos morais e espirituais, compreensivelmente, justificam o seu abandono ao dever de iluminação de consciências e de autolibertação das paixões primitivas. Postergam o estágio evolutivo para situações mais graves no porvir, direito que têm todos aqueles que se candidatam ao crescimento interior, embora os prejuízos que decorrem do seu livre-arbítrio...

Vale, todavia, considerar que esses amigos afetuosos, que assim agem, realmente não se encontravam preparados para o cometimento, aceitando-o momentaneamente por entusiasmo ou imaturidade.

Outros virão, no momento próprio, desde que se porfie no bom combate sem desânimo, nem estatística de avaliação negativa de resultados...

6. As equipes que trabalham como coordenadores e monitores precisam ser constantemente preparadas e orientadas para o bom desempenho da tarefa. Que orientações pode nos dar para que essa formação atenda as necessidades, tendo em vista que há muita resistência à adesão aos cursos de capacitação?

Hodiernamente, urge a necessidade de contínuos cursos de capacitação, de treinamento, de atualização em todas as áreas do desenvolvimento intelecto-moral da criatura. Observamo-lo em todos os capítulos dos empreendimentos sociais, culturais, técnicos,
educacionais... Em razão do incessante progresso, fazem- -se indispensáveis os programas de modernização, evitando-se o marasmo, a fixação de métodos ultrapassados e de informações que não mais correspondam às exigências do momento.

Insistir, ponderando na sua aplicação, é o recurso de que se pode e se deve utilizar, embora os resultados iniciais não sejam muito promissores, o que virá a ocorrer quando as mentes estiverem mais lúcidas e o discernimento mais esclarecido.

7. Como o Plano Espiritual vê a colaboração que o Brasil vem oferecendo a outros países na área do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita?

Sem nenhum nacionalismo mesquinho, tenha-se em mente que, no Brasil, o Espiritismo encontrou solo fértil e vem frutificando de maneira feliz, embora os problemas que surgem, vez que outra, o que é perfeitamente normal, em um Movimento que se expande em todas as direções.

A experiência do Brasil no que diz respeito ao estudo da Doutrina é valiosa, considerando-se os programas que têm sido elaborados e aplicados nas diversas sociedades espíritas deste país continental.

Tendo-se em vista o (re)nascimento do Espiritismo em diversos países onde dantes houve expressivo número de adeptos, assim como em alguns deles, nos quais não se desenvolveu, ou sequer foram criados grupos, a contribuição da experiência brasileira é de grande utilidade e tem sido valiosa, especialmente naqueles que vêm aplicando os valiosos contributos do ESDE.

8. Qual a melhor mensagem a ser transmitida ao trabalhador do ESDE, às voltas com o grande avanço da Ciência e da Tecnologia, em um contexto social e cultural eivado de contradições e no qual se observa acentuada inversão de valores morais?

A melhor mensagem a ser encaminhada ao trabalhador do ESDE, neste momento, é a mesma enunciada por Jesus, durante o Seu ministério: Amar ao próximo como a si mesmo e não fazer a outrem o que não deseja que lhe seja feito, constituindo-lhe o mais
eficiente roteiro para o equilíbrio moral e emocional, no período em que os valores ético-morais enfermos parecem dar lugar aos desequilíbrios de toda ordem.

A observância das máximas de Jesus faculta harmonia interior, equilíbrio psicológico, felicidade real, tornando-se psicoterapia preventiva e curativa para quaisquer tipos de aflições.

9. Que recursos poderiam ser, ainda, acionados para expandir a tarefa de implantação da Campanha do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita?

A divulgação bem-feita de toda ideia é responsável pela sua aceitação. Ampliar a propagação da Campanha do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, explicando-se os seus conteúdos e finalidades, por todos os meios ao alcance na atualidade, será o contributo mais eficaz para a sua aceitação por todos aqueles que anelam por um mundo melhor e uma sociedade mais feliz.

Diálogos, comentários, artigos, estudos em grupo, disseminação das teses do ESDE (jornais, rádio, televisão, Internet), torná-lo-ão conhecido, facilitando a aceitação por parte daqueles que ainda não o conhecem ou não se identificaram, de início, com a sua oportuna programação.

10. Como os dirigentes espíritas poderão colaborar na implantação do Estudo Sistematizado e na criação de condições mais favoráveis ao trabalho nessa área tão importante, por suas características, no Movimento Espírita?

Os dirigentes espíritas de sociedades doutrinárias têm o dever de conhecer a Doutrina, a fim de bem a vivenciarem, divulgando os seus postulados. Como o ESDE é um dos mais valiosos meios para alcançar-se o objetivo essencial da propaganda do Espiritismo, implantá-lo nas entidades que dirigem, após o estudo que se impõe, constitui compromisso que não pode ser transferido de ocasião.

Aqueles que, por ociosidade ou negligência, assumindo responsabilidades no Movimento Espírita, por livre e espontânea vontade, não se dedicam a ampliar os seus horizontes, hipertrofiam o progresso doutrinário e deverão responder pela leviandade de que se fazem portadores. A consciência é o sublime recanto onde está escrita a Lei de Deus (O Livro dos Espíritos, questão 621), e ninguém consegue anestesiá-la indefinidamente...

11. Considerando as responsabilidades daqueles que estão na liderança do trabalho do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, que mensagem poderia nos deixar ao comemorarmos os 25 anos da Campanha?

Um empreendimento de tal porte que comemora um quarto de século é digno do maior respeito, ainda mais considerando-se que a proposta não ficou estagnada nas suas bases iniciais. Antes acompanhou o progresso da cultura, da Ciência e da Tecnologia, enriquecendo-se com os mais modernos recursos técnicos da ciência da educação e da
metodologia do ensino.

Preservar, portanto, as bases doutrinárias, os paradigmas e lições do Espiritismo conforme exarados na Codificação, é o dever de todos aqueles que abraçamos a Terceira Revelação como o Consolador Prometido, encarnados ou desencarnados, a fim de que as novas gerações palmilhem as estradas da iluminação interior de forma racional e adequada aos novos tempos.

Salvador, 30 de janeiro de 2008
Angel Aguarod
(Psicografado por Divaldo Pereira Franco, na manhã de 30 de janeiro de 2008, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.)

REFORMADOR, MARÇO DE 2008

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