segunda-feira, 9 de junho de 2014

Santo Antônio e a Bicorporiedade


Aos 15 de agosto de 1195 (data ainda não confirmada por alguns historiadores), nascia em Portugal, na cidade de Lisboa Fernando Martins de Bulhões (conhecido pelos católicos como Santo Antonio de Lisboa (pelo seu nascimento na capital portuguesa) ou como Santo Antonio de Pádua (pelo seu falecimento na cidade de Pádua, na Itália em 13 de junho de 1231), filho de pais abastados e cristãos fervorosos, conviveu desde a infância presenciando a prática da misericórdia cristã e orações no seio de sua família.

Aos oito anos começa a estudar com clérigos de uma catedral vizinha de sua residência passando assim a evangelizar-se e aprofundar-se cada vez mais na vida cristã. O nome Antonio foi adotado quando ele deixa a Ordem de Santo Agostinho e passa para a Ordem de São Francisco, sendo então chamado de Frei Antonio de Lisboa.

Sua mediunidade começa aflorar-se em sua juventude, quando então realiza o seu primeiro de uma série de “milagres” realizados durante a sua vida de amor e devotamento aos pobres, quando atormentado por vozes e o que seria uma visão de uma mulher despertando nele o "apelo da carne" foge e tenta livrar-se desenhando com seu dedo na parede da escada que leva ao coro da catedral uma cruz que ficou marcada no local até hoje com se fosse desenhada em uma cera, revelando a sua potencial mediunidade de efeitos físicos.

Além da mediunidade de efeitos físicos era médium audiente, profético, de transporte, transfiguração, materialização, bicorporeidade, curador e transmissor de fluídos (passista).

Segundo a tradição católica, é consagrado o dia 13 de junho a santo Antônio de Pádua, um dos santos mais populares dos brasil.

Segundo a nossa amada doutrina espírita, os santos nada mais são que espíritos evoluídos e ou de luz, que conforme seus próprios esforços e reforma íntima , alcançaram um grau evolutivo maior que nós.

Assim também se caracteriza santo Antônio , que inclusive, era um médium que tinha muitas faculdades mediúnicas, de fenômenos inteligentes como os físicos , sendo mencionado por Allan Kardec no livro dos médiuns , parte 2 - cap. 7 - itens 119, que trata justamente da bicorporiedade e transfiguração:
  
"Santo Antônio de Pádua estava na Espanha e no tempo em que ali pregava, seu pai, que se encontrava em Pádua, ia sendo levado ao suplício, acusado de assassinato. Nesse momento santo Antônio aparece, demonstra inocência do pai e dá a conhecer o verdadeiro criminoso que, mais tarde sofreu o castigo. Constatou-se que naquele momento santo Antônio não havia deixado a Espanha. Santo Afonso, evocado e interrogado por nós sobre o fato referido, deu as seguintes respostas.(2)

1. Poderias dar-nos a explicação desse fenômeno?
— Sim. Quando o homem se desmaterializou completamente por sua virtude, tendo elevado sua alma a deus, pode aparecer em dois lugares ao mesmo tempo. Eis como: o espírito encarnado, sentindo chegar o sono, pode pedir a deus para se transportar a algum lugar. Seu espírito ou sua alma, como quiseres, abandona então o corpo, seguido de uma porção do seu perispírito, e deixa a matéria imunda num estado vizinho da morte. Digo vizinho da morte porque o corpo permanece ligado ao perispírito e a alma à matéria, por um liame que não pode ser definido. O corpo aparece então no lugar pedido. Creio que é tudo o que desejas saber.
2. Isso não nos dá a explicação da visibilidade e da tangibilidade do perispírito?
— Estando desligado da matéria, segundo o seu grau de elevação o espírito pode se tornar tangível à matéria.

3. É indispensável o sono do corpo para o aparecimento do espírito em outros lugares?
— A alma pode se dividir quando se deixa levar para longe o corpo. Pode ser que o corpo não durma, embora seja isso muito raro, mas então estará em perfeita normalidade. Estará sempre mais ou menos em êxtase. (3)
Nota de Kardec: A alma não se divide, no sentido literal da palavra. Ela irradia em várias direções e pode assim manifestar-se em muitos lugares, sem se fragmentar. É o mesmo que se dá com a luz ao refletir-se em muitos espelhos.

4. Estando um homem mergulhado no sono, enquanto seu espírito aparece ao longe, que aconteceria se fosse subitamente despertado?
— Isso não aconteceria, porque se alguém tivesse a intenção de acordá-lo o espírito voltaria ao corpo, antecipando a intenção, pois o espírito lê o pensamento.
Explicação inteiramente idêntica nos foi dada muitas vezes por espíritos de pessoas mortas ou vivas. Santo Afonso explica o fato da presença dupla, mas não oferece a teoria da visibilidade e da tangibilidade.”

Curou paralíticos (vide A Gênese, de Allan Kardec, cap. XIV, sobre fluidos magnéticos curadores. O maior de todos os médiuns de cura foi Jesus Cristo), afastou obsessores, converteu ladrões, pregou aos peixes. Quando falava às multidões - algumas vezes mais de 30 mil pessoas se reuniam para ouvi-lo -, assemelhava-se ao Cristo nos montes da Terra Santa: era escutado a distâncias impressionantes (em O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, encontramos esclarecimentos sobre a pneumatofonia, nos itens 150 e 151, que é um fenômeno mediúnico que envolve a produção de sons, inclusive vocais, através de médiuns de efeitos físicos e Espíritos desencarnados. Seguindo esse raciocínio, pesquisas espíritas falam sobre a produção de "laringes ectoplasmáticas" que poderiam funcionar como "alto-falantes invisíveis").

Quando estava em Rimini (Itália), diz a lenda que Antônio foi ignorado pelos cidadãos incrédulos. Dirigindo-se às margens do Mar Adriático, disse, então, preferir pregar aos peixes. Eis que, surpreendentemente, esses seres marinhos puseram as cabeças para fora d'água a fim de ouvi-lo. O milagre, pois, serviu para ganhar a fé dos homens. 

Sobre referências no Espiritismo, dentre outras obras, vamos encontrar nas questões 536 a 540 de O Livro dos Espíritos, "a ação dos Espíritos sobre os fenômenos da Natureza", que podem ser aplicadas para explicar esse fenômeno relacionado aos animais. Analogia parecida pode ser feita ao caso em que Francisco de Assis amansou o lobo, que aterrorizava a aldeia de Gúbio, chamando-o de irmão.
  
Reza outra lenda que um tropeiro descrente recusava a aceitar que uma simples hóstia consagrada (material) representasse o Corpo de Cristo (espiritual). Antônio concordou em parte com o "infiel", mas explicou-lhe que aquele era um simbolismo que deveria ser respeitado, pois alimentava a fé do povo cristão. O tropeiro, então, propôs um desafio: respeitaria tal sacramento (a Eucaristia) caso sua mula se ajoelhasse diante da hóstia. Alguns dias após, o descrente trouxe o animal arredio, pois deixara-o sem comer a fim de dificultar que a mula obedecesse a alguém. No entanto, ao ver Antônio se aproximando com a hóstia, a mula acalmou e ajoelhou-se sem que alguém a forçasse. A partir daquele dia, o tropeiro e demais presentes tornaram-se cristãos fervorosos.

Houve um caso em que alguns adversários, em Rimini, tentaram envenenar-lhe a comida. Antônio percebendo a traição, perguntou a eles porque procediam daquele modo. Eles disseram ser um teste, já que nas Sagradas Escrituras estava escrito que nada de mal aconteceria aos "eleitos de Deus" (ver Marcos 16: 14-18). Para converter aqueles homens, Antônio abençoou o alimento envenenado e comeu tudo. Nada lhe aconteceu (fenômeno da modificação das propriedades da matéria, ver O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, itens 128 a 130; em particular, as perguntas 11, 12 e 13. Através de tais esclarecimentos, é possível fazer analogias, no mínimo parciais, a certos "milagres" promovidos por Cristo, como nas Bodas de Canaã e nas multiplicações dos pães e peixes).

O LOBO e O CORDEIRO

Ezzelino ou Ecelino III da Romano (1194-1259), senhor feudal, conquistador e regente tirano de cidades como Verona e Pádua, promoveu matanças, torturas e execuções, além de espoliar, sobretudo os pobres, com pesados tributos e saques em suas guerras. Nos idos de 1230, Ecelino, genro e partidário do imperador sacro romano Frederico II, portanto gibelino, havia ordenado novo massacre na guerra contra os guelfos, partidários do papa, em Verona.



Ezzelino III da Romano. Retrato da Galleria degli Ufizzi, Florença.

A população de Pádua recorreu ao franciscano que pregava na cidade, amando a todos e curando os doentes. O manso Antônio não se intimidou com o poder e a violência do sanguinário Ecelino. Foi ao palácio do tirano e censurou-lhe com firmeza, fazendo-o ouvir as verdades sobre suas atitudes arbitrárias e cruéis.


Os cortesões assombraram-se. Afinal, ninguém tinha coragem para falar semelhantes coisas a Ecelino, que, no entanto, ouvia tudo calado, como uma criança advertida por seu pai. Foi quando um prodígio ocorreu. O tirano confessou suas faltas e prometeu converter-se à causa do bem. Antônio saiu, com a consciência tranquila dos que cumprem seu dever. Dessa vez foi o cordeiro que fez estremecer o lobo.

  
Canal da praça do Prato della Valle, Pádua.

Perguntado sobre sua passividade, Ecelino afirmou que nada podia fazer, já que vira no rosto do franciscano uma luz intensa, como uma visão divina, ficando temeroso dos poderes do religioso. Mas, como ainda restava o homem (moralmente) velho em seu coração, mandou seus serviçais levarem ao franciscano um rico presente. Entretanto, caso fosse aceito, os emissários deveriam assassiná-lo.

Os fâmulos foram ao convento e entregaram a prenda ao frade Antônio. Sentindo-se provocado, o humilde franciscano lhes ordenou energicamente: Ide-vos, e levai esse fruto de rapinas e perdições, ide-vos, para que esta casa não venha abaixo ou fique enodoada com a vossa presença. Os homens de Ecelino deixaram o religioso em paz e retornaram para seu senhor, que afirmou: É um homem de Deus. Deixai que diga, agora em diante, contra nós, quanto quiser.
  
O bom Antônio desencarnou pouco tempo depois, talvez por edemas agravados por sua vida dura, no macio leito dos homens justos, em Arcela (próximo de Pádua). Tinha apenas 36 anos quando encerrou seus abençoados sete lustros terrestres.

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