Pergunta -
Constitui crime a provocação do aborto, em qualquer período de gestação?
Resposta - Há crime sempre que transgredis a lei de Deus.
Uma mãe, ou quem
quer que seja, cometerá crime sempre que tirar a vida a uma criança antes do
seu nascimento, por isso que impede uma alma de passar pelas provas a que
serviria de instrumento o corpo que se estava formando. Item n° 358, de "O
Livro dos espíritos".
Falamos
naturalmente acerca de relações internacionais, sociais, públicas, comerciais,
clareando as obrigações que elas envolvem; no entanto, muito frequentemente
marginalizamos as relações sexuais - aquelas em que se fundamentam quase todas
as estruturas da ação comunitária. Esquece-se, habitualmente, de que o homem e
a mulher, via de regra, experimentam instintivo horror à solidão e que, à vista
disso, a comunhão sexual reclama segurança e duração para que se mostre assente
nas garantias necessárias. Impraticável, sem dúvida, impor a continuidade da
ligação entre duas criaturas, a preço de violência; no entanto, à face das
contingências e contratempos pelos quais o carro da união esponsalícia deve
passar pelas estradas do mundo, as leis da vida, muito sabiamente, estabelecem
nos filhos os elos da comunhão entre os cônjuges, atribuindo-lhes a função de
fixadores da organização familiar; com a colaboração deles, os deveres do
companheiro e da companheira, no campo da assistência recíproca, se revelam
mais claramente perceptíveis e o lar se alteia por escola de aperfeiçoamento e de
evolução, em marcha para a aquisição de mais amplos valores do espírito, no
Mundo Maior. De todos os institutos sociais existentes na Terra, a família é o
mais importante, do ponto de vista dos alicerces morais que regem a vida. É
pela conjunção sexual entre o homem e a mulher que a Humanidade se perpetua no
Planeta; em virtude disso, entre pais e filhos residem os mecanismos da
sobrevivência humana, quanto à forma física, na face do orbe. Fácil entender
que é assim justamente que nós, os espíritos eternos, atendendo aos impositivos
do progresso, nos revezamos na arena do mundo, ora envergando a posição de
pais, ora desempenhando o papel de filhos, aprendendo, gradativamente, na
carteira do corpo carnal, as lições profundas do amor - do amor que nos
soerguerá, um dia, em definitivo, da Terra para os Céus. Com semelhantes notas,
objetivamos tão-só destacar a expressão calamitosa do aborto criminoso,
praticado exclusivamente pela fuga ao dever. Habitualmente - nunca sempre –
somos nós mesmos quem planifica a formação da família, antes do renascimento
terrestre, com o amparo e a supervisão de instrutores beneméritos, à maneira da
casa que levantamos no mundo, com o apoio de arquitetos e técnicos distintos.
Comumente chamamos a nós antigos companheiros de aventuras infelizes,
programando-lhes a volta em nosso convívio, a prometer-lhes socorro e
oportunidade, em que se lhes reedifique a esperança de elevação e resgate,
burilamento e melhoria. Criamos projetos, aventamos sugestões, articulamos
providências e externamos votos respeitáveis, englobando-nos com eles em salutares
compromissos que, se observados, redundarão em bênçãos substanciais para todo o
grupo de corações a que se nos vincula a existência. Se, porém, quando instalados
na Terra, anestesiamos a consciência, expulsando-os de nossa companhia, a pretexto
de resguardar o próprio conforto, não lhes podemos prever as reações negativas e,
então, muitos dos associados de nossos erros de outras épocas, ontem
convertidos, no Plano Espiritual, em amigos potenciais, à custa das nossas
promessas de compreensão e de auxílio, fazem-se hoje - e isso ocorre bastas
vezes, em todas as comunidades da Terra - inimigos recalcados que se nos
entranham à vida íntima com tal expressão de desencanto e azedume que, a rigor,
nos infundem mais sofrimento e aflição que se estivessem conosco em plena
experiência física, na condição de filhos-problemas, impondo-nos trabalho e
inquietação. Admitimos seja suficiente breve meditação, em torno do aborto
delituoso, para reconhecermos nele um dos grandes fornecedores das moléstias de
etiologia obscura e das obsessões catalogáveis na patologia da mente, ocupando
vastos departamentos de hospitais e prisões.
Emmanuel/Chico Xavier