
Se o pensamento fosse propriedade da matéria
teríamos a matéria bruta a pensar. Ora, como ninguém nunca viu a matéria inerte
dotada de faculdades intelectuais; como, quando o corpo morre, não mais pensa,
forçoso é se conclua que a alma independe da matéria e que os órgãos não passam
de instrumentos com que o homem manifesta seu pensamento.
5. As doutrinas materialistas são incompatíveis
com a moral e subversivas da ordem social.
Se, conforme pretendem os materialistas, o
pensamento fosse segregado pelo cérebro, como a bílis o é pelo fígado, seguir-se-ia
que, morto o corpo, a inteligência do homem e todas as suas qualidades morais recairiam no
nada; que os nossos parentes, os amigos e todos quantos houvessem tido a nossa
afeição estariam irremissivelmente perdidos; que o homem de gênio careceria de
mérito, pois que somente ao acaso da sua organização seria devedor das
faculdades transcendentes que revela; que entre o imbecil e o sábio apenas
haveria a diferença de mais ou menos substância cerebral.

abreviaria seus sofrimentos.
A doutrina materialista é, pois, a sanção do
egoísmo, origem de todos os vícios; a negação da caridade — origem de todas as
virtudes e base da ordem social — e seria ainda, a justificação do suicídio.
6. O Espiritismo prova a existência da alma.


7. A alma do homem sobrevive ao corpo e conserva a
sua individualidade após a morte deste.
Se a alma não sobrevivesse ao corpo, o homem só
teria por perspectiva o nada, do mesmo modo que se a faculdade de pensar fosse
produto da matéria. Se não conservasse a sua individualidade, isto é, se se
dissolvesse no reservatório comum chamado o grande todo,
como as gotas d’água no Oceano, seria igualmente, para o homem, o nada do pensamento
e as consequências seriam absolutamente as mesmas que se não houvesse alma.
A sobrevivência desta à morte do corpo está
provada de maneira irrecusável e até certo ponto palpável, pelas comunicações
espíritas. Sua individualidade é demonstrada pelo caráter e pelas qualidades
peculiares a cada um. Essas qualidades, que distinguem umas das outras as
almas, lhes constituem a personalidade. Se as almas se confundissem num todo
comum, uniformes seriam as suas qualidades.
Além dessas provas inteligentes, há também a
prova material das manifestações visuais, ou aparições, tão frequentes e
autênticas, que não é lícito pô-las em dúvida.
8. A alma do homem é ditosa ou desgraçada depois
da morte, conforme haja feito o bem ou o mal durante a vida.


9. Deus, alma, sobrevivência e individualidade da
alma após a morte do corpo, penas e recompensas futuras constituem os
princípios fundamentais de todas as religiões.
O Espiritismo junta às provas morais desses
princípios as provas materiais dos fatos e da experimentação e corta cerce os
sofismas do materialismo. Em presença dos fatos, cessa toda razão de ser da
incredulidade. É assim que o Espiritismo restitui a fé aos que a tenham perdido
e dissipa as dúvidas dos incrédulos.
Obras Póstumas – Primeira Parte: Profissão de Fé
Espírita Cap. II – A Alma