domingo, 14 de fevereiro de 2016

Perdão e Auto Perdão

Na noite do 2º Sábado de cada, a Associação Espírita Nosso Lar exibe palestras em vídeos. A que foi exibida na noite do dia 13 de fevereiro de 2016, sobre Perdão e Auto Perdão com Yasmim Madeira, trouxe-me bons momentos de reflexão no qual eu decidi compartilhar com todos os que acompanham a atividade de O Portal Espírita. 
O Perdão é uma temática que sempre toca nossos corações de uma forma ou de outra. Nós, como Cristãos, aprendemos o que Jesus nos fala sobre o perdão. Na passagem evangélica em Mateus, Cap. XVIII, v. 15, 21 e 22, diz o seguinte “Então, chegando-se Pedro a Jesus, perguntou: Senhor, quantas vezes poderá pecar meu irmão contra mim, para que eu lhes perdoe? Será até sete vezes?” e então Jesus lhes esclarece “Respondeu-lhes Jesus: não te digo sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes.” Deixando-nos claro que o perdão é perene, contínuo e infinito. Deixando-nos claro que devemos perdoar SEMPRE.
Continua ainda o Cristo dizendo “Ouvistes o que foi dito: Amarais o teu próximo e odiarás ao teu inimigo. Eu porém vos digo: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem... porque se amardes somente quem vos amam, que recompensas tendes?” Sendo o espiritismo o Cristo Redivivo, que veio nos revelar aquilo que Jesus havia nos dito, e esclarecer sob a luz da razão, Kardec nos alerta no Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XII, item 3. “Amar aos inimigos não é ter-lhes uma afeição que não está na Natureza, porque o contato de um inimigo faz bater o coração do modo diverso do que de um amigo. É entretanto não lhes ter ódio, nem rancor, nem desejo de vingança. É perdoar, sem segunda intenção e incondicionalmente o mal que nos fez, sem por qualquer obstáculo à reconciliação; é desejar-lhes o bem, e não o mal, alegra-se em lugar de afligir-se do bem que lhes acontece; é estender-lhes a mão caridosa em caso de necessidade abstendo-se por palavras e atos de tudo que possa prejudica-lo.”.
Tendo em vista a explicação dada pelo Codificador sobre as palavras do Cristo em relação ao Perdão das Ofensas, fica a nossa reflexão sobre nossas ações. Já sabemos, pois, quem estuda a Doutrina, que fomos criados Simples e Ignorantes. Não somos perfeitos, mas somos, pois, PERFECTÍVEIS. Somos capazes de nos tornarmos perfeitos. Essa perfeição, como em tudo na natureza, faz parte de um processo. Nós que já saímos da era das cavernas e entramos na era da razão, compreendemos que essa modificação provém do nosso interior. Não podemos, sabemos disso, modificar o outro, entretanto a chave para nossa felicidade está em nossas mãos, pois podemos modificar a nós mesmos.
O perdão é um desses passos para continuarmos a alavancar nosso progresso intelecto-moral. Ele nos liberta da energia ruim que se entrelaça em nosso ser quando, por algum motivo, venhamos a passar situação onde ficamos ressentidos, magoados. Esses sentimentos trazem a raiva, que tem sempre como um pano de fundo o medo. Seja o medo de se expor, de expor nossas imperfeições, de expor nosso orgulho ferido, seja qual for. E dessa raiva provém agressões físicas ou verbais onde nós, seres humanos ainda em evolução, por desequilíbrios diversos, usamos como forma de proteção.
Nosso objetivo não é esquecer o mal que nos foi feito, porque sabemos que não existe uma borracha que apagará de nossas memórias. Nosso objetivo e fazer com que essa memória não nos traga sentimentos de angústia, raiva, rancor, ressentimento. É neutralizar a ação daquela memória em nosso emocional. Porque assim estaremos em paz conosco mesmo. O perdão também não é dizer para a pessoa, não há necessidade alguma nisso. Não devemos dar desculpas dizendo que não perdoamos porque fulano viajou e foi embora, ou tão pouco porque desencarnou. O perdão vem de dentro e nos faz bem. Perdoar é não sentir novamente ao relembrar o fato, nenhum sentimento negativo.
Não ficar triste ou blasfemando julgando a Justiça de Deus quando aquele que nos causou algum mal, recebe um bem, uma benção ou uma alegria. As leis divinas que regem o universo são perfeitas e imutáveis. Causa e efeito é uma delas. Cada um receberá segundo suas obras, então o mal que tal pessoa nos causou uma dia retornará a ela. O sentimento de rancor e raiva que sentimos só produzirá e trará efeitos e consequências negativas para nós mesmo. Nós devemos tirar de dentro de nós e alegra-nos pelas as bênçãos que tal pessoa recebe, pois que poderá ser que a esteja preparando para a colheita do mal que fez. Rezemos nós por eles para que estejam equilibrados quando esse mal lhes retornar dentro das leis universais.
Lembremos a cada dia que nós somos os detentores da nossa felicidade. Não vamos por a nossa felicidade ou infelicidade nas mãos dos outros. E como Gandhi, não vamos dá poder aos outros para decidir nosso estado de espírito. Se o outro nos causa problemas, desavenças, discórdia e nos causa algum tipo de prejuízo, não deixemos que isso tire nossa paz, segurança e fé. Não deixemos que essas aflições nos deixem zangados, irritados, magoados ou tristes. Nós temos em nossas mãos esse poder.
O homem, sendo ele um ser integral, a felicidade e nossas emoções, nosso equilíbrio em meio as adversidades de nossas existências, repercutirá no nosso veículo físico, nosso corpo, e também no perispiritual, o nosso corpo espiritual que manteremos após o desencarne do corpo físico.
Perdoaremos infinitamente, incessantemente, quem quer que seja. Perdoemos ao nosso corpo, por não ser o mais saudável, o do jeito que queremos, mas é ele uma dádiva divina para os aprendizados que nós, como espíritos, necessitamos para nossa evolução. Perdoemos aos nossos pais que, em alguns momentos, nos deixou ressentidos de alguma forma e aquilo tenha ficado registrado de forma profunda em nosso psiquismo infantil. Perdoemos também a nós mesmo, pois sabemos que o amor ao próximo, passa pelo amor a si próprio. Cobrar-nos para crescermos, sim, mas não nos martirizarmos ao errar. Saber que somos passíveis de falhas, mas também de mudanças. Saber que não somos perfeitos, mas tentarmos nos modificarmos, pois ao tentar, já estamos dando o primeiro passo rumo à evolução.
Kenedy Rocha.
Adm. De O Portal Espírita.



Palestra exibida em Nosso Lar (13/02/2016).

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