Período de exuberância hormonal, a
adolescência se caracteriza pelos impulsos e desmandos da emotividade.
Confundem-se as emoções, e todo o ser é um conjunto de sensações desordenadas,
num turbilhão de impressões que aturdem o jovem. Irrompem, naturalmente, os
desejos da sensualidade, e se confundem os sentimentos, por falta da
capacidade de discernir gozo e plenitude, êxtase sexual e harmonia interior.
É nessa fase que se apresentam as
paixões avassaladoras e irresponsáveis que desajustam e alucinam, gerando
problemas psicológicos e sociais muito graves, quando não são controladas e
orientadas no sentido da superação dos desejos carnais.
Subitamente o jovem descobre
interesses novos em relação a outro, àquele com quem convive e nunca antes
experimentara nada de original, que se diferenciasse da fraternidade, da
amizade sem compromisso. A libido se lhe impõe e propele-o a relacionamentos
apressados quão ardorosos, que logo se esfumam. Quando não atendida, por
circunstâncias violentas, dá surgimento a estados depressivos, que podem
perturbar profundamente o adolescente, que passa a cultivar o pessimismo e a
angústia, derrapando em desajustes psicológicos de curso demorado.
O ideal,
nesse momento, é a canalização dessa força criadora para as experiências da
arte, do trabalho, do estudo, da pesquisa, que a transformam em energia superior,
potencializada pela beleza e pelo equilíbrio. Nesse sentido, deve-se recorrer
aos desportos, à ginástica, às caminhadas e atividades ecológicas que, além de
úteis à comunidade, também gastam o
excesso hormonal, tanto físico quanto psíquico.
As
licenças morais da atualidade e os veículos de comunicação pervertidos
contribuem para um amadurecimento precoce, indevido, e a irrupção da libido, em
razão das provocações audio-visuais, das conversações insanas, que têm sempre
por base o sexo em detrimento da sexualidade, do conjunto de valores que se
expressam na personalidade, leva os jovens imaturos a relacionamentos
inoportunos, por curiosidade ou precipitação, impondo-lhes falsas necessidades,
que passam a atormentá-los, seviciando-os emocionalmente, ou empurrando-os para
os mecanismos exaustivos da auto-satisfação, com desajustes da função sexual em
si mesma agredida e mentalmente mal direcionada.
O amor,
na adolescência, é um sentimento de posse, que se apresenta como necessidade de
submeter o outro à sua vontade, para que sejam atendidos os caprichos da mais
variada ordem. Por imaturidade emocional, nessa fase, não se tem condições de
experimentar as delícias do respeito aos direitos do outro a quem se diz amar,
antes impondo sua forma de ser; não há capacidade para renunciar em favor
daquele a quem se direciona o afeto, mas se deseja receber sempre sem a
preocupação da retribuição inevitável, que é o sustentáculo basilar do amor.
O amor
real é expressão de maturidade, de firmeza de caráter, de coerência, de consciência
de responsabilidade, que trabalham em favor dos envolvidos no sentimento que
energiza, enriquecendo de aspirações pelo bom, pelo belo, pela felicidade.
Envolve-se em ternura e não agride, sempre disposto a ceder, desde que do ato
resulte o bem-estar para o ser amado. Rareia, como é natural, no período
juvenil, que o tempo somente consolida mediante as experiências dos
relacionamentos bem sucedidos.
Há jovens
capazes de amar em profundidade, sem dúvida, por serem Espíritos experientes
nas lutas evolutivas, encontrando-se em corpos novos, em desenvolvimento, porém
investidos da capacidade vigorosa de sentir e entender.
Celebrizaram-se,
na História, os amores-lendários de Romeu e Julieta, terminando em tragédia, em
razão da imaturidade dos enamorados. Enquanto eles se entregaram ao autocídio
inditoso, surgem as imagens alcandoradas da ternura de Dante e Beatriz, de
Abelardo e Heloísa, amadurecidos pela própria vida e dispostos à renúncia,
desde que redundando em felicidade do outro.
O amor
produz encantamento e adorna a alma de beleza, vitalizando o corpo de hormônios
específicos, porém oferecendo capacidade de sacrifícios inimagináveis.
Maria de
Madalena, jovem pervertida e enferma da alma, encontra Jesus e O ama, tocada
nos sentimentos nobres que estavam asfixiados pela lama das paixões servis,
levantando-se para a dignificação pessoal.
Saulo de
Tarso, ainda jovem, perseguidor inclemente dos homens do caminho, encontra Jesus e enternece-se, deixando-se
dominar pela Sua presença e dá-se-Lhe até o holocausto.
Mais de
um milhão de vidas, que foram tocadas pelo Seu amor, facultaram-se banir,
ultrajar, morrer, sem qualquer reação, confiantes na compensação afetiva que
deflui do amor, e que experimentavam.
Não
somente o amor na sua feição espiritual, mas também o maternal, o fraternal, o
sexual, quando não tem por meta somente o relacionamento célere, mas sim, a
convivência agradável e vitalizadora que se converte em razão da própria vida.
A paixão
é como labareda que arde, devora e se consome a si mesma pela falta de
combustível. O amor é a doce presença da alegria, que envolve as criaturas em
harmonias luarizantes e duradouras. Enquanto uma termina sem deixar saudades, o
outro prossegue sem abrir lacunas, mesmo quando as circunstâncias não facultam
a presença física. A primeira é arrebatadora e breve; o segundo é confortador e
permanente.
Desse
modo, explodem muitas paixões na adolescência, e poucas vezes nasce o amor que
irá definir os rumos afetivos do jovem.
É nesse
período que, muitos compromissos se firmam, sem estrutura para o
prosseguimento, para os desafios, para o futuro, quando as aspirações se
modificam por imperativo da própria idade e os quadros de valores se apresentam
alterados. Tais uniões, nessa fase de paixões, tendem ao fracasso, se por acaso
não forem assentadas em bases de segurança bem equilibradas. Passado o fogo dos
desejos, termina a união, acaba o
amor, que afinal jamais existiu...
É
indispensável que, no período juvenil, todos se permitam orientar pela
experiência e maturidade dos pais e mestres, a fim de transitar com segurança,
não assumindo compromissos para os quais ainda não possui resistência
psicológica, moral, existencial.
Cabe,
portanto, ao adolescente, a submissão dinâmica, isto é, a aceitação consciente
das diretrizes e roteiros que lhes são apresentados pelos genitores, no lar,
pelos educadores, na Escola, a fim de seguirem sem deixar marcas na retaguarda.
A
disciplina sexual, nessa ocasião, contribui muito para equilibrar as emoções e
dinamizar as experiências físicas, dando resistência para enfrentar os apelos
das paixões traumatizantes que surgem com frequência no curso da vida.
A paixão,
na adolescência, quando cultivada no silêncio da timidez, transforma-se em
verdugo caprichoso que dilacera por dentro, conduzindo a sua vítima a estados
patológicos muito graves, de onde podem nascer manifestações psicóticas
portadoras de tendências criminosas e perversas.
Realizar
a catarse das paixões, comunicando-se com todos e vivendo fraternalmente, em
clima de legítima amizade, abre campo para as manifestações da afetividade
sadia, que se converte em amor, à medida que transcorre o tempo e a pessoa
adquire compreensão e discernimento a respeito dos objetivos essenciais da sua
reencarnação.
Adolescente e Vida - Joanna de Ângelis, Psicografado por Divaldo Franco