segunda-feira, 9 de julho de 2012

Bem-Aventurados os que tem Puro o Coração

“- Hipócritas! (...) este povo me honra de lábios, mas conserva longe de mim o coração; (...) Não é o que entra na boca que macula o homem, o que sai da boca do homem é que o macula.
O que sai da boca procede do coração e é o que torna impuro o homem” - Mateus, cap.XV

Terezinha freqüentava o Centro todas as semanas: dia de palestra e passe eram sagrados, além do estudo das obras básicas, dos trabalhos assistenciais e do grupo mediúnico, do qual se orgulhava de participar, embora não sentisse absolutamente nada em relação às comunicações. Enfim, aos olhos de todos, Terezinha era a espírita perfeita.

Não era, no entanto, o que pensavam os vizinhos, com quem se indispusera várias vezes por causa de um fio de água da calçada ao lado que escorrera para a sua, a bola que caíra achatando-lhe a planta, o barulho que a festa de aniversário da criança provocara. Já a vizinha da frente, com quem tinha amizade, era também sua companheira de assuntos que nada pertenciam às suas próprias vidas: o carro diferente que trouxera fulana pra casa tal dia, a pessoa que saiu da casa da outra tal hora, a briga conjugal que julgara ter ouvido na noite anterior e seus possíveis porquês.

Nos grupo assistencial em que prestava serviços, mostrava-se solicita com os necessitados mas ai do funcionário ou voluntário que não cumprisse seu compromisso: era motivo de denúncia ao diretor da casa, sem pestanejar, enchendo-o de preocupações injustificadas. Mas, para ela, assim ele veria quem é que realmente merecia substituí-lo quando estivesse ausente.

Na empresa em que atuava, Terezinha preocupava-se mais com quem estava no café, quanto tempo demorara e com quem havia faltado do que com seu próprio serviço. Juntara aliados contra o chefe, que segundo ela, não tinha capacidade para tal cargo e sentia-se injustiçada salarialmente, visto sua competência irrepreensível, do seu próprio ponto de vista. E se alguém ousasse apre-sentar algum projeto realmente bom e interessante para a empresa, estava dada a sentença de morte: começava a pegação no pé até conseguir que a pessoa se desequilibrasse e cometesse algum erro grave.

No grupo mediúnico, não divisava um vulto, ruído ou sensação qualquer, mas sempre que o orientador perguntava, dizia ter visto a entidade manifestada no médium, afinal não poderia passar por “inútil”, desconhecendo a verdadeira e valiosa contribuição que os médiuns de apoio sinceros podem dar.

Terezinha seria, enfim, uma espírita perfeita se suas práticas ex-teriores tivessem saído de um coração puro, voltado para o bem. Mas, como ainda mantinha-se seriamente ligada às vaidades e paixões humanas, mesmo dissimulando uma postura cristã, mostrava claramente as máculas do seu espírito impuro.

Nenhum comentário :

Postar um comentário

O Portal Espírita